Entre os dias 7 e 10 de abril de 2025, São Paulo foi palco do evento BiS SiGMA Americas 2025, reunindo líderes e especialistas do setor de iGaming para discutir os desafios e oportunidades na era da regulamentação das bets.
Com mais de 250 expositores, o evento no Transamérica Expo Center contou com empresas nacionais e internacionais do setor de apostas, como:
- Operadoras;
- Desenvolvedores de software;
- Plataformas de pagamento;
- Fornecedores de soluções de segurança, entre outros.
Este artigo destaca os principais pontos abordados nas palestras sobre o cenário de pagamentos e estratégias financeiras para combater o mercado irregular.
Vale destacar que, após a entrada em vigor da regulamentação das bets em janeiro de 2025, os sites de apostas registraram mais de 5 bilhões de acessos somente no 1º trimestre, segundo o site Aposta Legal. Esse número equivale a mais de 650 cliques por segundo.
Com tamanho público acessando às plataformas de jogos, é fundamental o debate sobre o setor.
Principais insights do BiS SiGMA Americas 2025
1. Desafios e oportunidades do Pix e da regulamentação das bets
Como moderadora do debate, Ana Bárbara Costa Teixeira (Brazilian Regulatory Affairs Director da Ocean 88 Holdings) alertou sobre o uso de múltiplos CPFs e contas laranjas, um problema crescente que traz prejuízos e impactos negativos para o mercado de bets e para a sociedade brasileira como um todo. “É um tema que precisa ser abordado”, disse.
No painel, Cesar Garcia, CEO da OneKey Payments, destacou o uso da biometria para agilizar cadastros, operações e pagamentos nas plataformas de apostas: “Uma tecnologia extremamente disruptiva que está transformando o setor.”

“Maior mercado regulado do planeta”
Já Leonardo Baptista, CEO da Pay4Fun, acredita que o Brasil irá se tornar o maior mercado regulado do planeta de iGaming, mitigando operadores ilegais e plataformas irregulares. “Devido às tecnologias de meios de pagamento e a regulamentação, o Brasil será o mercado com índices regulados mais elevados”, afirmou.
Para ele, é possível combater o mercado irregular por meio do sistema financeiro e do PIX: “Não adianta apenas tirar os links de operadores ilegais do ar. Em pouco tempo, eles voltam e dobram de tamanho. É necessário seguir o dinheiro e derrubar o meio de pagamento que favorece esse mercado. Existem diretrizes do PIX que são obrigatórias de seguir para a instituição de meio de pagamento permanecer na rede. Quem não seguir é preciso que o Banco Central tire sua concessão.”
O executivo indicou também a realização de processos de KYP (Know Your Partner) para verificar os meios de pagamento parceiros dos operadores. “Conheça seu provedor e meio de pagamento. Utilize seu compliance para fazer uma varredura no seu meio de pagamento para ver se ele está seguindo todas as regras, se tem toda a estrutura necessária”, disse.
Regulamentação das bets
Para se ter uma ideia do mercado ilegal, de acordo com relatório da Secretaria de Prêmios e Apostas, mais de 11,5 mil sites foram derrubados pelo governo de janeiro a maio de 2025.
Além disso, 61% dos apostadores ainda utilizam plataformas ilegais, segundo pesquisa do Instituto Locomotiva. Para piorar, 78% não sabem diferenciar uma casa de apostas legal e uma ilegal.
O mesmo levantamento revelou que de 41% a 51% das apostas no Brasil ainda acontecem em bets não regulamentadas. Com essas operações ilegais, a previsão é de um prejuízo de até R$ 10,8 bilhões por ano em arrecadação tributária.
Ou seja, o mercado ilegal permanece como um problema sério para os órgãos fiscalizadores e apostadores.
Conscientização
Para completar o debate em torno da questão, Bruno Gonçalves, Sales Manager da OKTO Bank, sugeriu que a conscientização dos operadores é essencial e que eles devem conversar com seus meios de pagamento para evitar relações com operadores ilegais. “Existem diversos atores dentro da cadeia que incentivam ações ilegais e precisam ser reeducados. Quando o primeiro for punido, todo mundo vai se espantar e vai pensar em mudar o comportamento.”
Ana Bárbara ainda apontou 3 caminhos para o futuro dos meios de pagamento e sua relação com os operadores. “Precisa colocar cláusulas em contrato, buscar regulação de acordo com as portarias e, obviamente, ter punições”, comentou.
2. Estratégias financeiras para regulamentação das bets e combate ao mercado ilegal
Entre as discussões do BiS SiGMMA Americas 2025, um dos temas relevantes foi como combater o mercado irregular tão citado no painel sobre meios de pagamento. Neste sentido, os painelistas falaram sobre atividades ilegais em bets, como lavagem de dinheiro e manipulação de resultados, e sobre os operadores irregulares.
Fred Justo, ex-Coordenador-Geral de Monitoramento de Lavagem de Dinheiro e afins do Ministério da Fazenda, destacou a necessidade da educação antes da repressão, afirmando também que é necessário preparar autoridades para lidar com os mais diversos casos.
“Repressão é importante e necessária, porém é preciso educar antes de punir. Já existem investigações de diversos casos, inclusive de manipulação de resultados. No entanto, as autoridades não estão preparadas para lidar com isso. Então, precisa de educação também para o investigador, o delegado, o promotor, para que saibam como atuar e como enquadrar os casos”, declarou Fred Justo.
O coordenador ainda lembrou que a pena por manipulação de jogos ainda não é severa, enquanto lavagem de dinheiro e organização criminosa geram maior punição aos infratores.
Know Your Customer
Para Fred Justo, ter processos como o KYC (Know Your Customer) e a identificação dos apostadores é essencial para prevenir a lavagem de dinheiro e outros tipos de ocorrências.
Marco Tulio, CEO do Grupo Ana Gaming, por sua vez, enfatizou a importância de combater o mercado ilegal para proteger o mercado regulado e a população. “Como operador, somos o stakeholder mais interessado em combater o mercado ilegal. E, no final, o maior beneficiado é a população em geral que vai poder jogar com segurança.”
Concorrência desleal
Tulio recordou que as operadoras legalizadas cumpriram com obrigações elevadas como o pagamento de R$ 30 milhões pela outorga. Então, é fundamental coibir os irregulares. “Hoje o que a gente vive é uma concorrência desleal. Se a gente não resolver isso no curto prazo, a gente vai destruir a construção do maior mercado regulado do mundo. Estamos no caminho certo. Agora, precisamos de intensidade na agenda de fiscalização”, concluiu.
Leonardo Baptista, CEO da Pay4Fun, reforçou que o Brasil tem as ferramentas necessárias para a regulamentação das bets e o combate ao mercado ilegal, como:
- CPF;
- Meio de pagamento;
- Instituições financeiras;
- Dados dos apostadores;
- Fluxo de dinheiro no mercado bancário;
- Coaf, como órgão de regulação de atividades suspeitas.
Vazamentos de dados e fraudes
No painel, também foi abordada a questão das fraudes cada vez mais rápidas a partir dos vazamentos de dados para a abertura de contas fraudulentas e a realização do abuso de bônus.
Então, entre as diversas camadas de segurança apontadas, a biometria comportamental também pode ajudar a identificar padrões de uso do teclado por parte dos usuários e evitar a abertura de contas fraudulentas ou laranjas.

3. Fraude em pagamentos: como blindar a operação e fidelizar jogadores
No último painel da quinta-feira, Samer Atassi, VP para América Latina da Jumio, foi além da regulamentação das bets e analisou a evolução da fraude. “Fraudador ficou mais esperto. O phishing de hoje é personalizado. Não é mais o estilo massivo que mandavam um link para uma grande quantidade de pessoas e ver quem cai na fraude. Os fraudadores têm todas as informações hoje. Eles sabem exatamente o que as pessoas gostam e fazem fraudes personalizadas”, afirmou.
Leia também: Conheça os principais métodos de fraude financeira no mundo, segundo a Interpol
Já Eduardo Bruzzi, Sócio Fundador do Becker Bruzzi Lameirão Advogados, concordou que a velocidade dos fraudadores vai superando as barreiras impostas pelas empresas de apostas. “O mercado de apostas caiu no gosto dos brasileiros e esse volume financeiro elevado é atrativo para os fraudadores”, declarou.
Por outro lado, o executivo acredita que a expertise dos órgãos no combate a fraudes em diversos segmentos e indústrias pode se aplicar ao setor de bets.
Sobre as diferentes modalidades de fraudes, Samer Atassi destacou a lavagem de dinheiro: “No final do dia, essa questão faz parte do crime mundial. Para evitar, só controlando quem entra e sai do sistema.”
Instantaneidade do PIX
Eduardo Bruzzi enfatizou a visão de Samer sobre a importância de fiscalizar o dinheiro que entra e que sai, precisando ser para a mesma pessoa, com a mesma conta e o mesmo CPF. Ele também falou sobre o PIX ser um meio de pagamento ágil, mas que abre portas para as fraudes ao facilitar as transações instantâneas, fazendo com que o dinheiro da fraude fuja muito rápido.
Dessa forma, o executivo da Jumio reforçou o que já foi dito em outros painéis sobre o processo de KYC para saber quem é a pessoa que abriu a conta no banco, na plataforma de apostas e usa determinado PIX.
Leandro Fiuza, CEO da SAQPAY, complementou o comentário dos colegas. “Podemos colocar as barreiras que quisermos na entrada de usuários, mas se não houver processos estruturados não adianta. Precisa ter processos, tecnologias e pessoas engajadas”, ponderou.
Fiuza ainda trouxe uma ideia de limitar a velocidade do PIX para minimizar fraudes. “Queremos equilibrar agilidade e controle. Limitar a velocidade do PIX pode ter barreira maior de tempo para fazer uma aposta, mitigando risco de fraudadores roubarem o dinheiro do apostador”, disse.
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