Pablo Colombres, CEO da GIF International, foi convidado para participar do painel “Desafios atuais na prevenção a fraudes internas” na 2ª edição do Congresso de Prevenção e Repressão a Fraudes, Segurança Cibernética e Bancária, da Febraban, durante o primeiro dia do evento, nesta terça, 11 de março.
O congresso aconteceu no Centro de Convenções do Distrito Anhembi, em São Paulo, ao longo de dois dias, e contou com a presença de milhares de pessoas, representando bancos, instituições financeiras, meios de pagamentos e fornecedores de serviços.
O painel “Desafios atuais na prevenção a fraudes internas” teve a moderação de Caroline Caetano, head de prevenção a fraudes internas do Santander Brasil, e Colombres teve a companhia de André Augusto Andrade, gerente-sênior de prevenção a fraudes do Bradesco, para debater o tema.

Fraudes internas são um processo muito profundo
Pablo Colombres destacou, em seu primeiro comentário, que o tema das fraudes internas é muito profundo. “Colocamos todos os esforços na prevenção para que as fraudes não aconteçam. Mas entendemos que, em alguns casos, elas acontecem e precisamos de ferramentas para enfrentar esses desafios.”
“Quando falamos de fraudes internas, precisamos de equipe preparada, metodologia de investigação, que a empresa tenha políticas e procedimentos bem definidos, que ocorram entrevistas exploratórias e comprovatórias, a análise forense etc.”, explicou o executivo.
Já o gerente do Bradesco comentou que a segurança é feita em camadas, necessitando de prevenção, análise de riscos e monitoramento para identificar as fraudes.
Aliciamento de funcionários
Um dos grandes desafios das fraudes internas é o aliciamento de funcionários. “O aliciamento é o problema de hoje e não só no mercado financeiro. É uma grande preocupação ter um profissional mal-intencionado dentro de casa que possa abrir as portas para fraudadores. No passado, os aliciamentos eram feitos de modo mais presencial. Hoje, ocorrem com táticas mais sofisticadas de maneira mais sutil e persuasiva por redes sociais, onde o aliciador se esconde, tentando provocar ou induzir a pessoa a cometer um ato ilícito”, disse Pablo.
O CEO da GIF International acrescentou as situações de pessoas que já entram aliciadas dentro de uma instituição: “Eles já chegam para que tenham acesso a informações e preparam o terreno para fraudes futuras.”
Diante deste cenário de aliciamento, o gerente do Bradesco exemplificou como o funcionário pode impulsionar as fraudes. “O aliciado pode obter informações importantes, que vai facilitar o fraudador na hora de fazer uma fraude da falsa central. Quando o infrator aborda o cliente com dados reais mesmo e insere um fato novo como uma transação que foi feita, o cliente toma um susto e acredita que precisa executar alguma ação. Então, o fraudador se aproveita.”
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Necessidade de um time especializado
Para Pablo Colombres, as fraudes internas e o desvio de conduta de funcionários em geral precisam de um time especializado para conseguir combater esse problema, entendo todo o cenário que engloba um caso de fraude. “Não é somente uma questão de governança, ou criminal. Envolve questões trabalhistas também. E hoje temos a combinação de 3 fatores quem podem gerar grandes fraudes: temos aliciadores muitos agressivos, vivemos em um mundo com muitos vazamentos de dados e temos muitos incidentes de engenharia social.”
Diante deste contexto desafiador, o CEO da GIF International reforçou a necessidade de um investigador corporativo com habilidades especializadas. “Tem que ter o conhecimento e a expertise para lidar com o cenário, precisa conhecer o profissional mal-intencionado, as funcionalidades, o modus operandi. Só assim, ele poderá voltar para dentro de casa e arrumar as regras de monitoramento, de controle e os alertas”, afirmou.
Desafio das fraudes internas no trabalho híbrido
Ao olhar para o mundo pós-pandemia com a maioria das empresas atuando no modelo híbrido, Colombres incluiu mais essa problemática para a prevenção das fraudes internas.
“O trabalho híbrido deixa muita responsabilidade na mão dos funcionários, com muitos acessos e é muito difícil controlar o ambiente. A segurança somos todos nós que fazemos dentro da empresa. É um ecossistema. Você pode ter o melhor firewall e as melhores ferramentas de monitoramento, mas, infelizmente, não são suficientes quando funcionários que não foram treinados clicam no lugar errado. Então, é muito desafiador criar uma cultura de segurança no ambiente híbrido”, explicou.
O gerente do Bradesco também ressaltou os riscos dessa falta de capacitação dos colaboradores. “Às vezes, não é má fé, é falta de conhecimento do código de ética. Um funcionário inocente pode ceder seus dados para um funcionário golpista. A conscientização é fundamental”, declarou.
Conscientização e políticas
Sobre a conscientização como estratégia contra as fraudes internas, o CEO da GIF International abordou também a questão da cultura e a necessidade de integridade das instituições com relação aos funcionários.
“A conscientização não é só o treinamento e conhecer o que está nas políticas. Também está ligado à ação e à gestão de consequências. Se vejo que o funcionário do meu lado fez um ato indevido e não aconteceu nada, por que eu não faço o mesmo? O grau de tolerância determina como a empresa lida com essas situações. É preciso tomar medidas disciplinares, de repressão e que virem exemplo para que todos entendam que as políticas são levadas a sério”, disse.
Colombres ainda comentou sobre a importância do canal de denúncias, mas o risco de as empresas não estarem preparadas para lidar com isso. “Muitas instituições para cumprir com normativa e compliance instalam programas e ferramentas, mas, quando chega uma denúncia, não sabem o que fazer.”
Repressão das fraudes internas
Na reta final do painel, o assunto foi a repressão sobre as fraudes internas. O CEO da GIF International foi taxativo sobre a importância de investigar os casos para reprimir novas tentativas.
“Todas as atividades que rompem a normativa, qualquer ato ilícito, têm que ser estudados. Temos que entender o ciclo da fraude, entender o que aconteceu, a causa raiz, se poderia ser evitado, os rastros que deixou, como passou os controles. Entender é um ganho para alimentar a prevenção. Se aconteceu uma fraude, algo falhou. Assim, podemos fazer melhorias contínuas”, afirmou Pablo.
Colombres também comparou a repressão como uma gestão de crises. “Você se prepara para a crise, como será a comunicação após o problema, os próximos passos, como se coleta evidências para levar para as autoridades públicas. Com isso, se acontecer uma fraude interna, você estará preparado para atuar com cada responsabilidade”, enfatizou.
Além disso, a moderadora do painel Caroline Caetano, head de prevenção a fraudes internas do Santander Brasil, enfatizou a importância de os processos de investigação ocorrerem de forma rápida para que, se houver perda de valores, que sejam as menores possíveis.
Colombres endossou o discurso: “Quanto mais tempo demora, mais dificuldade temos para a coleta de evidências”, reforçando que as empresas precisam de políticas sérias. “Pode ter os melhores processos, as melhores tecnologias e as melhores pessoas. Se não houver políticas e uma gestão de consequências efetivas, nada adianta”, concluiu.
