Em meio ao crescimento do segmento de logística nos últimos anos, o golpe da falsa entrega passou a fazer parte da rotina de consumidores e empresas, causando elevados prejuízos.
O golpe, que combina fraude física e engenharia social digital, já é considerado um dos crimes mais perigosos para operações de transporte, varejo, e-commerce e marketplaces. Afinal, esses incidentes geram perdas financeiras e danos reputacionais, impactam a relação com clientes e fragilizam a confiança na marca.
Inclusive, em 2025, uma quadrilha foi presa em São Paulo após lesar mais de 40 pessoas nesse golpe.
Este artigo aprofunda como o golpe funciona e o que gestores de fraudes, riscos e operações podem fazer para mitigar essa ameaça.
O que é o golpe da falsa entrega?
O golpe da falsa entrega ocorre quando criminosos se passam por entregadores legítimos. Muitas vezes utilizam uniformes falsos, motos sem identificação ou crachás improvisados. Assim, é possível enganar consumidores e obter vantagens ilícitas.
O objetivo pode variar:
- Recolher produtos sem autorização;
- Extorquir pagamentos falsos no momento da entrega;
- Obter dados sensíveis da vítima;
- Realizar coletas fraudulentas na devolução de compras;
- Aplicar golpes híbridos envolvendo links maliciosos e QR Codes.
Embora pareça simples, a operação criminosa é sofisticada. O “falso entregador” é apenas a ponta visível de uma cadeia que envolve monitoramento, engenharia social, uso de dados vazados e inteligência para mapear rotas e horários de entregas reais.
Por que esse tipo de fraude está em expansão?
Crescimento exponencial da demanda por entregas
O ritmo das entregas aumentou, e com isso, a necessidade de contratar mais fornecedores e prestadores terceirizados. Aliado a isso, a alta rotatividade e a falta de padronização criam brechas exploradas por criminosos.
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Falhas de comunicação com o cliente
Quando o consumidor não sabe quem entregará, em qual horário, qual veículo virá, como identificar o entregador, qualquer pessoa com mochila ou uniforme pode parecer legítima.
Uso de dados vazados
Os criminosos podem usar nome da vítima, endereço, número do pedido e valor da compra, a fim de tornar a narrativa mais convincente, reduzindo a percepção de risco do consumidor.
Logística fragmentada
Múltiplas transportadoras, subcontratações e regiões atendidas por diferentes motoristas facilitam fraudes que se aproveitam da falta de padronização visual e operacional.
Sofisticação na engenharia social
Hoje, quadrilhas treinam criminosos para abordagens perfeitas com postura profissional, linguagem de entregador, documentos falsos e pranchetas com pedidos reais. A combinação de fatores cria a situação perfeita que proporciona o aumento do golpe.
Como o golpe da falsa entrega funciona na prática?
Os gestores de fraude, riscos, segurança e operações de empresas de logística e transporte precisam compreender o modus operandi para conseguir atuar contra o golpe da falsa entrega. Veja o passo a passo dessa fraude:
1. Coleta de informações
As quadrilhas obtêm dados de vítimas por vazamentos de bases de dados, redes sociais, embalagens descartadas com etiquetas e observação do fluxo de entregas em condomínios. Essas informações permitem abordagens extremamente convincentes.
2. Disfarce do golpista
O falso entregador investe em uniformes semelhantes aos de grandes marcas, mochilas de delivery, pranchetas impressas, crachás clonados e uso de linguagem técnica, o que reduz a resistência da vítima.
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3. Abordagem
As variações mais comuns incluem:
- Entrega inexistente: criminoso pede taxa extra para liberar um pacote;
- Coleta fraudulenta: criminoso recolhe devoluções antes do entregador real;
- Troca indevida: golpista recolhe item dizendo que será substituído;
- Taxas via QR Code: pagamento falso no momento da entrega;
- Entrega reversa: pegam dados e documentos para novos golpes.
4. Evasão
Após a ação, o suspeito deixa o local rapidamente e é praticamente impossível rastreá-lo, especialmente quando utiliza motocicletas sem placa ou aplicativos de mobilidade que não exigem identificação padronizada.
Qual o impacto da entrega falsa para as empresas?
Embora o consumidor seja a vítima direta, a reputação da empresa é o maior alvo colateral. Para o público, qualquer entregador que mencione o nome da marca “representa” a empresa, mesmo sendo um criminoso.
Entre os impactos mais graves, destacam-se:
Dano reputacional
Publicações em redes sociais e grupos de bairro se espalham rapidamente: “O entregador da empresa X tentou me aplicar um golpe.” Mesmo quando a empresa não tem qualquer ligação com o criminoso, o efeito é devastador.
Aumento de reclamações e insatisfação
O cliente exige reenvio do produto, ressarcimento e explicações formais. “Não foi a empresa que errou” não é suficiente para o consumidor.
Neste sentido, pode gerar efeito dominó, com queda no índice de satisfação dos consumidores, cancelamento de compras, perdas de clientes e menor confiança na marca.
Elevação de custos operacionais
Esse tipo de fraude gera reexpedições, investigações internas, auditorias externas e revisões de processo. Todas essas ações provocam custos extras para identificar vulnerabilidades e infratores, responsabilizando os envolvidos.
Riscos jurídicos
Mesmo que não seja responsável direto, a empresa pode enfrentar processos cíveis, danos morais, e até ações coletivas se o problema for recorrente.
Rescisão com transportadoras parceiras
Os marketplaces e varejistas pressionam ainda mais as operadoras logísticas quando há incidentes frequentes, exigindo ações concretas após o incidente e mudanças nos processos preventivos, a fim de mitigar tais ameaças.
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Onde estão as principais brechas para ocorrer o golpe da entrega falsa?
As empresas precisam entender que o problema é uma fraude híbrida, entre o digital e o operacional. A partir daí, é possível verificar pontos para minimizar brechas e vulnerabilidades. Confira os mais recorrentes:
- Credenciamento fraco de entregadores: terceirizados, subcontratados e freelancers nem sempre passam por triagens adequadas;
- Falta de comunicação clara com o consumidor: se o cliente não sabe informações sobre a entrega, ele fica indefeso;
- Falha em controlar devoluções e coletas: a maior parte dos golpes de entrega falsa ocorre na coleta reversa, onde a fiscalização é menor;
- Falta de integração entre áreas internas: os times de prevenção a perdas, fraudes, logística, operações e atendimento costumam trabalhar isolados, gerando silos de informação, fragmentando o processo e dificultando o acompanhamento completo das entregas;
- Ausência de trilhas de auditoria: sem registro claro de rotas, motoristas e horários, é difícil provar que não foi um entregador real.
Conheça medidas para mitigar o golpe da falsa entrega
Padronização operacional e visual
Para reduzir o risco de disfarces falsos, é importante adotar uniformes padronizados com código único por entregador, QR Code no uniforme para verificação pelo consumidor e frota com identificação visual coerente.
Fortalecimento do onboarding e background check
Com o objetivo de mitigar a entrada de entregadores mal-intencionados, as empresas devem realizar triagem documental rigorosa, verificação periódica do profissional e monitoramento de comportamento operacional, como desvios de rotas e cancelamentos de entregas.
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Avisos prévios ao consumidor
Contra abordagens fraudulentas, alimente o cliente de informações por SMS, aplicativo ou WhatsApp, contendo nome do entregador, foto, número de protocolo, placa do veículo, link oficial para verificação, entre outros.
Rastreabilidade de rotas
As operações precisam de ferramentas de geofencing para detectar entradas suspeitas em regiões de risco, assim como de alertas para desvios não programados.
Processos rígidos para devoluções e coletas
Nas solicitações de consumidores de devolução de produtos, é importante exigir número de autorização válido e criar dupla autenticação para coletas de alto valor.
Treinamento interno
As áreas que falam com o consumidor, como SAC, call center, logística reversa e supervisores de campo, precisam saber identificar sinais do golpe. Quanto mais rápida for a detecção, menor o dano.
Como a GIF International ajuda a combater o golpe da falsa entrega
O novo cenário de fraudes em expansão exige respostas integradas, incluindo prevenção, detecção e investigação. É nesse ponto que a GIF International atua como parceira estratégica.
Investigação corporativa
A GIF identifica origem da fraude, modus operandi, envolvidos, conexões com colaboradores internos e vulnerabilidades internas que ampliaram o risco, além de responsabilizar os infratores.
Desvio de conduta
Nossa solução apura fraudes internas, casos de aliciamento e má conduta de funcionários, mitigando riscos humanos e reduzindo ameaças.
Background check e due diligence
Para analisar previamente informações sobre seus colaboradores e parceiros, conte com nossas soluções de background check e due diligence, a fim de verificar a veracidade de informações fornecidas, a legitimidade e credibilidade das pessoas e/ou empresas.
Melhoria de processos e controles internos
Atuamos com a revisão de procedimentos, políticas e controles internos, como onboarding de entregadores e validação de credenciais, assim como na criação de políticas operacionais antifraude.
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