As operações em uma Estação Rádio Base (ERB) são elementos centrais no funcionamento das redes móveis, já que garantem cobertura, transportam voz e dados. Assim, sustentam serviços essenciais para cidadãos, empresas e órgãos públicos.
Por isso, proteger essas estações, tanto física como digitalmente, é tão estratégico quanto manter a operação de usinas, portos ou centros de dados. Afinal, uma única violação pode gerar interrupção de serviços em larga escala, prejuízos econômicos e impactos sociais.
Neste artigo, entenda quais são os principais riscos em ERBs, como as operadoras devem se preparar e que tipo de medidas reduzem efetivamente exposição.

Por que é tão importante proteger a Estação Rádio Base?
Nos últimos anos, o Brasil registrou aumento significativo nos furtos e roubos de componentes de telecom (cabos de cobre, baterias, painéis, fontes e outros equipamentos).
Em janeiro de 2024, por exemplo, os proprietários de um ferro-velho em Jundiaí foram presos por suspeita de receptação de equipamentos de telefonia no valor de R$ 300 mil. Os itens eram placas chamadas RRUs, usadas na retransmissão de sinal pelas antenas.
Segundo levantamento de Comissão da Câmara, em 2020, 1.000 equipamentos, como placas de transmissão/comutação, roteadores e sites estações foram roubados/furtados. Além disso, cerca de 28 mil baterias foram desviadas.
Essas ocorrências afetam a disponibilidade da rede e exigem resposta integrada. Neste sentido, a GSMA, referência global em segurança para redes móveis, possui documentos e guias de segurança, incluindo orientações específicas para arquitetura 5G e controles de ERBs, que devem ser considerados na proteção da Estação Rádio Base.
No Brasil, o ambiente regulatório também impõe responsabilidades às prestadoras e prevê mecanismos de ressarcimento automático ao consumidor em caso de interrupção de serviço. Este cenário acelera a necessidade de medidas preventivas e de resposta contra roubos e furtos.
Leia também: Modernização da infraestrutura de rede aumenta riscos. Veja como se preparar
Principais ameaças às ERBs
1. Furto e roubo de cabos e baterias
Atraídos pelo valor do cobre e pela revenda de baterias, os criminosos furtam cabeamento e conjuntos de baterias, deixando antenas e sites sem energia. Esses furtos causam interrupção imediata e geram custos de reposição e logística.
2. Vandalismo e sabotagem
Os atos deliberados de degradação dos serviços ou ataque às infraestruturas acontecem por motivos diversos, tendo concorrentes locais ou criminosos como responsáveis normalmente.
3. Invasão física e acesso indevido
Invasões ou acessos não autorizados ao interior das casas de equipamentos podem terminar com adulteração de equipamentos, plantio de dispositivos maliciosos ou remoção de dados físicos.
4. Ameaças cibernéticas a sistemas de gestão
Quando as ERBs estão conectadas via sistemas de gestão remota, elas podem sofrer riscos cibernéticos, com controladores, roteadores e consoles explorados. Para evitar tais vulnerabilidades, é importante realizar um processo de autenticação forte e o monitoramento.
5. Fraude logística e supply chain
Fornecedores e prestadores podem ser alvo de aliciamento, facilitando desvios de equipamentos.
6. Riscos ambientais e falhas operacionais
Manutenção inadequada, corrosão, umidade, entre outras situações, provocam a inatividade de ERBs mesmo sem ato criminoso. Dessa forma, fica claro que as inspeções preventivas são essenciais.
7. ERBs falsas
Nos últimos meses, a Anatel tem desativado diversas ERBs falsas. Trata-se de uma estação rádio base clandestina que imita redes legítimas para aplicar fraudes digitais por meio de SMS.
Esses falsos equipamentos, muitas vezes escondidos em apartamentos ou carros, bloqueiam os sinais 3G, 4G e 5G nas proximidades por alguns segundos, conectando temporariamente os celulares à rede 2G, de menor segurança.
A partir daí, são enviadas mensagens fraudulentas com links maliciosos, simulando avisos de bancos, operadoras ou órgãos governamentais, com objetivo de roubo de dados ou instalação de malware.
Em maio de 2025, inclusive, uma ERB falsa que funcionava em um apartamento vazio foi descoberta no bairro do Paraíso, em São Paulo. No local, a polícia apreendeu um equipamento clandestino que dispara simultaneamente milhares de SMSo com links fraudulentos. Ninguém foi preso.
Impactos de uma violação em Estação Rádio Base
Interrupção massiva de serviço:
Quedas locais ou regionais atingem consumidores, empresas e serviços críticos. Em eventos de grande escala, milhões de clientes podem ficar sem serviço.
Responsabilidade e custo regulatório:
As operadoras podem ter de aplicar ressarcimentos automáticos ao consumidor e responder a sanções regulatórias se não restabelecerem o serviço dentro de critérios preestabelecidos.
Custo direto e indireto:
As empresas de telecom sofrem com persas financeiras decorrentes das violações como:
- Reposição de cabos, baterias e equipamentos;
- Deslocamento de equipes para substituição de itens;
- Contratação emergencial de fornecedores.

Reputação:
Os ataques podem ocasionar a perda de confiança dos clientes, aumento de churn e impactos comerciais duradouros.
Risco de segurança pública:
Quando comunicações de emergência são afetadas, há risco direto à segurança e à saúde da população.
Quais as medidas de segurança para ERBs?
As defesas mais eficazes para os riscos contra Estação Rádio Base combinam proteção física robusta, controle de acesso eletrônico, monitoramento contínuo e endurecimento dos sistemas de gestão remota. Veja
Proteção física e anti-intrusão
- Cercamento e barreiras físicas, como portões;
- Fechaduras de alta segurança;
- Fixação/ancoragem de baterias e equipamentos;
- Utilização de racks e gabinetes com trava.
Monitoramento local e remoto
- CFTV com análise por vídeo;
- Sensores de detecção perimetral, de abertura de porta e de vibração;
- Detectores de corte de cabo;
- Rastreamento por GPS para assets críticos, como gabinetes e geradores móveis.
Gestão de acesso e logística
- Controle rigoroso de chaves e credenciais;
- Registro de visitantes;
- Vficação de identidade de prestadores;
- Rastreamento de ordens de serviço;
- Due diligence em fornecedores.
Monitoramento 24/7 e Centro de Operações Integradas
A integração das medidas de proteção em um Centro de Operações Integradas permite a correlação de eventos, a priorização de incidentes e maior agilidade na resposta. Essa visão unificada reduz o tempo médio de detecção e aumenta as chances de recuperação rápida.

Gestão remota
- Segmentação de rede OT/IT;
- Autenticação multifator para consoles de gerenciamento;
- Uso de VPNs e certificados;
- Monitoramento via SIEM;
- Orquestração de resposta (SOAR) para correlacionar eventos físicos e digitais.
Proteção de cabos
- Enterramento de cabos onde for viável;
- Uso de dutos blindados;
- Identificação com marcadores;
- Sistemas de detecção de corte em anéis de fibra;
- Políticas de redundância de rota.
Inspeções técnicas regulares
- Checklists padronizados;
- Inspeções preditivas;
- Manutenções programadas.
Planos de resposta
Refere-se à criação de playbooks de pronta resposta, envolvendo pessoas, tecnologias, logística e comunicação para os incidentes em cada Estação Rádio Base. Vale destacar que os papéis devem ser claramente definidos para cada tipo de ocorrência: furto, vandalismo, incêndio, ataque cibernético etc.
Saiba mais: 5 situações que a pronta resposta pode ajudar sua empresa
Relacionamento com autoridades locais
As empresas de telecom devem contar com operações de law enforcement, a fim de manter contatos com forças de segurança, delegacias especializadas e órgãos reguladores para ações imediatas e cooperação em investigações de campo.
Obrigações legais em relação à Estação Rádio Base
No Brasil, a legislação e regulamentação sobre infraestrutura de telecom, incluindo a Estação Rádio Base, e suas obrigações evoluíram nos últimos anos. Normas e leis relacionadas à implantação, compartilhamento de infraestrutura e responsabilidades operacionais devem ser consideradas na gestão de ERBs.
Lei das Antenas
A Lei nº 13.116/2015, ou Lei Geral das Antenas, regula aspectos da operação, permitindo que diferentes empresas dividam a mesma estrutura física (torre, espaço para equipamentos, ERBs etc.), sempre que tecnicamente viável, para evitar a duplicação desnecessária de torres.
No entanto, é bom lembrar que, quando várias operadoras usam a mesma ERB, todas têm obrigações relacionadas à manutenção, segurança, prevenção de interferências, cumprimento de normas ambientais, sanitárias e de segurança do trabalho.
Então, se ocorrer um problema técnico, uma irregularidade ou até um acidente, a responsabilidade pode ser solidária entre as empresas que compartilham a torre.
Regulação da Anatel
As operadoras precisam garantir conformidade e atender aos requisitos de disponibilidade e ressarcimento ao consumidor quando houver interrupção.
A Anatel, por meio da Resolução nº 717/2019 – Regulamento de Qualidade (RQUAL), estabelece que as prestadoras devem informar ao consumidor sobre todas as interrupções de serviço, sejam programadas ou não.
Em casos de interrupções não programadas, a comunicação deve ocorrer em até 24 horas após o início do evento. Essas informações devem estar disponíveis por meio do atendimento ao cliente e da página na internet da prestadora.
O ressarcimento ao consumidor deve ser automático, proporcional ao tempo de interrupção e ao valor do plano contratado, e realizado até o segundo mês subsequente ao evento. Se a prestadora não cumprir os prazos ou formas previstas, configura cobrança indevida e a empresa deve devolver o valor em dobro ao usuário.
Como a GIF International pode ajudar sua empresa
Proteger ERBs é uma necessidade estratégica para garantir a continuidade de serviços, cumprir obrigações regulatórias e preservar a confiança do mercado e da sociedade. Para atingir estes objetivos, as operadoras devem investir na combinação de barreiras físicas, controles técnicos e processos operacionais.
Para isso, contar com um parceiro experiente, com capacidade de ação em campo, faz a diferença. A GIF International atua com um ecossistema de soluções integradas que une investigação, inspeção técnica, pronta resposta, Centro de Operações Integradas e interface com autoridades, oferecendo desegurança de ponta a ponta para ERBs:
- Inspeção técnica: avaliação presencial detalhada de estado de conservação, riscos e compliance de instalações e estruturas;
- Pronta resposta em campo: equipes para contenção, coleta de evidências e restabelecimento emergencial;
- Centro de Operações Integradas: monitoramento 24/7 de câmeras, alarmes, incidentes e correlação de eventos;
- Investigação de fraudes: identificação de envolvidos e modus operandi, coleta de evidências e apoio na responsabilização criminal;
- Risk Assessment: análises de ameaças, vulnerabilidades e recomendações de mitigação de risco;
- Due diligence: verificação de fornecedores para reduzir riscos na cadeia de fornecimento.
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