Entender como evitar clonagem de cartão é essencial para construir estratégias eficazes de prevenção e resposta. Para gestores de fraudes, riscos e operações, o tema deixou de ser apenas um problema transacional e passou a representar um risco sistêmico, com impactos financeiros, regulatórios e reputacionais.
Afinal, a clonagem de cartão segue como um dos crimes financeiros mais recorrentes e desafiadores para bancos, instituições financeiras e empresas que operam meios de pagamento.
Mesmo com a evolução tecnológica, com chips, tokenização, autenticação multifator e pagamentos digitais, os fraudadores continuam encontrando brechas para explorar vulnerabilidades técnicas, comportamentais e operacionais.
Este artigo aprofunda esses pontos, trazendo uma visão integrada do problema e das medidas que instituições financeiras, empresas e usuários devem adotar.
Leia também: Fraudes em pagamentos: principais modalidades e como combater
Fraudes com cartões: o cenário real por trás da clonagem
A clonagem de cartão não é um risco pontual. Trata-se de um dos principais vetores de fraude financeira no Brasil e no mundo, com crescimento consistente no volume de tentativas e impacto direto sobre bancos, instituições financeiras e consumidores.
O setor de bancos e cartões registrou quase 1,9 milhões de tentativas de fraude no 1º trimestre de 2025, de acordo com levantamento da Serasa. Foi um aumento de 21,5% em relação ao mesmo período de 2024.
Neste contexto, 53,8% dos brasileiros admitem já ter sido vítimas ou conhecer alguém que sofreu fraude com cartão. Mais da metade das vítimas relatou prejuízo financeiro direto, reforçando o impacto concreto desse tipo de crime no dia a dia da população.
Além disso, segundo pesquisa da Coinlaw, os prejuízos por fraude com cartão de crédito devem alcançar US$ 40 bilhões no mundo em 2025, com alta de 25% em relação ao ano passado.
Para piorar, a clonagem é a porta de entrada para exposição de dados. Em 2025, globalmente, 170 milhões de dados de cartão de crédito foram expostos, um crescimento de 186%.
O que é clonagem de cartão?
A clonagem de cartão ocorre quando dados legítimos de um cartão de crédito ou débito são capturados e utilizados por terceiros para realizar transações não autorizadas. Diferentemente do roubo físico, o titular muitas vezes só percebe a fraude após a realização das compras.
O desafio atual não está apenas na captura do número do cartão e no uso dele em compras, mas na combinação de informações como:
- Número do cartão;
- Data de validade;
- Código de segurança;
- Dados pessoais do titular;
- Padrões de comportamento de consumo.
Essa combinação permite fraudes cada vez mais sofisticadas, muitas vezes difíceis de diferenciar de transações legítimas.
Saiba mais: Bancos devem ressarcir vítimas de fraudes bancárias? Saiba
Como funciona a clonagem de cartão na prática
Para saber como evitar clonagem de cartão e combater o problema é essencial compreender o funcionamento. Hoje, o crime ocorre por múltiplos vetores, frequentemente combinados.
Clonagem em ambientes físicos
Apesar da redução do uso de tarja magnética, ainda existem riscos em:
- Maquininhas adulteradas;
- Terminais comprometidos;
- Dispositivos de skimming (instalados em terminais ou caixas para capturar dados);
- Captura visual ou manual de dados.
Os ambientes de grande circulação e estabelecimentos com baixo controle operacional tendem a ser mais explorados.
Clonagem em ambientes digitais
O ambiente digital se tornou o principal vetor de crescimento das fraudes. Entre os métodos mais comuns estão:
- Phishing e engenharia social;
- Páginas falsas de e-commerce;
- Aplicativos maliciosos;
- Vazamentos de bases de dados;
- Comprometimento de sistemas de parceiros.
Nesse cenário, muitas transações fraudulentas ocorrem sem que o cartão físico seja utilizado, o que dificulta a identificação imediata do crime.
Fraudes híbridas
Esse modelo híbrido aumenta a taxa de sucesso das fraudes e dificulta a detecção pelos controles tradicionais, combinando diferentes fatores:
- Vazamento de dados;
- Uso de contas laranja;
- Engenharia social;
- Exploração de falhas operacionais.
O principal desafio das fraudes híbridas está no fato de que cada etapa, isoladamente, pode parecer legítima, com dados reais vazados, transações com comportamento aparentemente normal, contas formalmente regulares e interações que simulam contato legítimo do cliente.
Clonagem de cartão se enquadra em qual crime?
Do ponto de vista jurídico, a clonagem de cartão se enquadra em diferentes tipos penais, dependendo do contexto:
- Estelionato, quando há obtenção de vantagem ilícita mediante fraude;
- Fraude eletrônica, quando o crime ocorre por meios digitais;
- Falsidade ideológica, em casos de uso de dados de terceiros;
- Organização criminosa, quando há atuação estruturada e recorrente.
Além da responsabilização criminal dos fraudadores, cresce no Judiciário o entendimento de que instituições financeiras e empresas podem ser responsabilizadas quando falhas de controle contribuem para o dano ao consumidor. Então, os bancos e empresas do setor precisam adotar, cada vez mais, medidas efetivas de proteção e mitigação de riscos.
Impactos da clonagem de cartão para bancos e instituições financeiras
Para instituições financeiras, a clonagem de cartão gera impactos que vão muito além do prejuízo direto, como por exemplo:
- Financeiros: ressarcimento ao cliente, custos de chargeback (estorno de valores de compras que não pertencem àquele cliente), perdas operacionais e investimentos emergenciais em controles;
- Operacionais: sobrecarga de atendimento de clientes, processos de contestação de compras, investigações e revisão de modelos antifraude;
- Reputacionais: perda de confiança do cliente e insegurança do mercado em relação à instituição;
- Regulatórios: aumento da exposição regulatória, maior pressão por transparência e governança e risco de sanções e ações judiciais.
Como evitar clonagem de cartão: o papel das instituições financeiras
O combate à clonagem de cartão deixou de ser uma atividade reativa, focada apenas na contestação de transações, e passou a exigir uma abordagem estratégica, integrada e baseada em inteligência.
Para bancos e instituições financeiras, o desafio não está apenas em bloquear fraudes conhecidas, mas em antecipar padrões suspeitos, reduzir a superfície de ataque e responder de forma rápida e coordenada quando incidentes ocorrem.
Neste contexto, o papel das instituições financeiras é central para a proteção do ecossistema de pagamentos como um todo. Veja boas práticas:
1. Monitoramento transacional contínuo e análise comportamental
O primeiro pilar da prevenção à clonagem de cartão é a capacidade de monitorar transações em tempo real. As instituições precisam analisar:
- Padrões históricos de consumo do cliente;
- Frequência e recorrência de transações;
- Canais utilizados (presencial, online, internacional);
- Horários atípicos;
- Mudanças súbitas de comportamento.
A clonagem de cartão raramente ocorre de forma isolada. Normalmente, os fraudadores testam limites, realizam compras de menor valor e escalam gradualmente. Identificar esses desvios precoces é essencial para reduzir perdas.
2. Uso de inteligência antifraude e correlação de dados
A evolução das fraudes exige que bancos integrem múltiplas fontes de dados para construir uma visão mais completa do risco. Entre as informações relevantes estão:
- Informações do dispositivo utilizado;
- Geolocalização e inconsistências de acesso;
- Histórico de tentativas frustradas;
- Vínculos entre cartões, contas e estabelecimentos;
A correlação desses dados permite identificar padrões ocultos e conexões entre eventos aparentemente isolados.
3. Autenticação forte e controles adaptativos
Os mecanismos de autenticação são fundamentais em relação a como evitar clonagem de cartão, mas precisam ser aplicados de forma inteligente para não comprometer a experiência do cliente.
Algumas medidas efetivas incluem autenticação multifator em transações sensíveis, uso de criptografia avançada, e validações considerando o perfil e o histórico do usuário.
4. Integração entre áreas e resposta rápida a incidentes
Quando um cartão é clonado, o tempo de resposta é decisivo para limitar o impacto.
As instituições devem garantir integração entre equipes de fraude, operações, atendimento e tecnologia, fluxos claros de bloqueio e substituição de cartões, comunicação transparente com o cliente, registro e análise detalhada do incidente.
A resposta rápida não apenas reduz perdas financeiras, mas também preserva a confiança do cliente e fortalece a percepção de segurança da instituição.
Veja também: Estratégia de segurança: evite silos e integre setores da empresa
5. Investigação estruturada e aprendizado contínuo
Cada caso de clonagem deve ser tratado como uma fonte de aprendizado. É preciso investigar a origem da ocorrência, os responsáveis pela fraude, o modus operandi, as falhas de processos ou de tecnologias. A partir daí, é possível ajustar políticas e controles internos.
Sem um processo de investigação estruturado, a instituição corre o risco de combater apenas os sintomas, sem eliminar as causas do problema.
6. Gestão de risco com parceiros e estabelecimentos
Grande parte das fraudes com cartão envolve pontos de contato externos, como estabelecimentos comerciais, adquirentes e parceiros tecnológicos. Neste sentido, os bancos e instituições devem atuar para:
- Monitorar padrões de fraude por estabelecimento;
- Exigir conformidade com padrões de segurança;
- Revisar contratos e responsabilidades;
- Atuar preventivamente em casos de reincidência.
Essa gestão diminui a propagação de riscos ao longo da cadeia de pagamentos.
7. Educação do cliente como camada de proteção
Como as fraudes muitas vezes mexem diretamente com o comportamento dos clientes, os bancos devem investir em conscientização com:
- Campanhas educativas claras e recorrentes;
- Alertas proativos sobre novos golpes;
- Orientações simples sobre uso seguro do cartão;
- Canais fáceis de denúncia e bloqueio.
8. Governança e conformidade
Por fim, para evitar clonagem de cartão, é fundamental ter uma estrutura sólida de governança, com políticas claras de prevenção a fraudes, definição de responsabilidades, indicadores de risco e alinhamento com exigências regulatórias.
Papel das empresas que aceitam pagamentos na prevenção à clonagem
As empresas de varejo, e-commerce e serviços também desempenham papel central sobre como evitar clonagem de cartão. Boas práticas incluem:
- Políticas antifraude claras;
- Validações adicionais em transações atípicas;
- Integração com ferramentas de monitoramento;
- Treinamento das equipes operacionais;
- Revisão de processos de aceitação de pagamento.
Como pessoas físicas podem evitar ter o cartão clonado
A prevenção também passa pelo comportamento do usuário final. Entre os principais cuidados estão:
- Não compartilhar dados do cartão;
- Evitar clicar em links suspeitos;
- Monitorar extratos e notificações;
- Utilizar autenticação adicional quando disponível;
- Desconfiar de ofertas fora do padrão.
Como a GIF International apoia instituições na prevenção e investigação de fraudes com cartão
Saber como evitar clonagem de cartão exige mais do que tecnologia. Exige estratégia, integração entre áreas, inteligência contínua e compreensão profunda de como funciona a clonagem de cartão, a fim detectá-la rapidamente e mitigar prejuízos.
A GIF International atua apoiando bancos e instituições financeiras na prevenção, detecção e investigação de fraudes financeiras.
Por meio de abordagens que integram inteligência analítica, investigações complexas, forense digital, coleta de evidências, cruzamento de informações, entrevistas e análise de vulnerabilidades, a GIF contribui para que organizações compreendam a origem das fraudes, fortaleçam controles e reduzam a exposição a riscos.
Quer saber mais sobre como funciona nosso ecossistema de soluções de combate a fraudes? Converse com nossos especialistas agora mesmo!
Modal Box Title

