Eficiência, produtividade e inovação sempre foram palavras de ordem na gestão industrial, visando melhorar os resultados, aumentar a lucratividade e fortalecer o crescimento das empresas do segmento. No entanto, além desse foco essencial, com o crescimento das fraudes, este passou a ser um foco de atenção dos líderes da área, a fim de mitigar esses riscos e reduzir perdas decorrentes.
Imagine uma linha de produção funcionando perfeitamente. Máquinas calibradas, metas batendo, relatórios positivos. Mas, nos bastidores, algo não está certo. Um fornecedor superfatura contratos, peças “somem” do estoque, horas extras são lançadas sem serem trabalhadas e ninguém percebe.
Essa é a realidade silenciosa que muitas indústrias vivem hoje. Muitas vezes, a fraude se esconde entre planilhas, contratos e processos automatizados.
Segundo pesquisa da KPMG, 72% dos líderes de mercados industriais identificaram fraudes em suas empresas por meio de denúncias anônimas. Ou seja, muitas organizações só descobrem o problema depois que o dano já aconteceu e virou prejuízo.
E o impacto vai muito além do financeiro. As fraudes afetam a reputação, abalam a confiança dos colaboradores e prejudicam a relação com fornecedores e clientes. Por isso, falar sobre fraude industrial é falar sobre a sustentabilidade do negócio.
Onde nascem as vulnerabilidades na gestão industrial?
1. Complexidade da operação
A operação industrial é um organismo vivo e extremamente desafiadora. Envolve pessoas, máquinas, matérias-primas, sistemas e uma cadeia de fornecedores. Essa complexidade cria inúmeras oportunidades para fraudes passarem despercebidas.
Veja alguns dos principais pontos vulneráveis:
- Compras e suprimentos: superfaturamento, conluio com fornecedores, pagamento por materiais que nunca foram entregues.
- Manutenção e estoque: desvio de peças e insumos, registro falso de serviços executados.
- Controle de produção: manipulação de dados para mascarar falhas ou justificar perdas.
- Logística e transporte: fraudes em notas fiscais, cargas desviadas, combustível adulterado.
- RH e folha de pagamento: funcionários fantasmas, horas extras inexistentes, uso indevido de recursos.
2. Integração entre setores
Os riscos se agravam quando falta integração entre setores ou não há visibilidade sobre o que realmente acontece no chão de fábrica.
Mesmo indústrias tecnologicamente avançadas sofrem com a fragmentação de informações. Quando áreas como produção, manutenção, compras, financeiro e compliance não compartilham dados de forma integrada, o resultado é um silo informacional em que cada setor enxerga apenas parte da operação, dificultando a detecção de anomalias.
Por exemplo: o setor de compras pode aprovar a aquisição de peças sem verificar se o almoxarifado já possui estoque suficiente; ou a área financeira pode efetuar pagamentos sem cruzar dados com notas fiscais e ordens de serviço.
Essa falta de visibilidade operacional cria pontos cegos, nos quais fraudes e desperdícios prosperam silenciosamente.
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3. Cultura
Nenhuma estrutura de controles será eficaz se a cultura corporativa não estiver alinhada a princípios de ética e integridade. O problema cultural é, muitas vezes, o mais difícil de resolver e o mais perigoso.
Quando prevalece o discurso de que “todo mundo faz assim” ou “sempre foi feito desse jeito”, a organização normaliza pequenas irregularidades que, com o tempo, se transformam em práticas institucionalizadas de fraude.
Uma cultura permissiva:
- Tolerará desvios “menores”, como uso indevido de recursos internos;
- Encorajará atalhos para atingir metas;
- E desencorajará denúncias ou o enfrentamento de práticas antiéticas.
Por outro lado, empresas com cultura de integridade estabelecem canais seguros de comunicação, treinamentos contínuos, políticas de compliance bem difundidas e liderança exemplar. O resultado é uma operação mais confiável, transparente e capaz de resistir a pressões externas e internas.
Conheça os principais tipos de fraude industrial
Para entender como proteger sua empresa, é preciso reconhecer as ameaças. Confira os tipos de fraude mais comuns nas indústrias brasileiras, com exemplos práticos do que pode estar acontecendo, mesmo sem você perceber.
Fraudes em compras e contratos
Este é o epicentro de muitas fraudes industriais. Quando há pouca transparência nos processos de aquisição e contratação, o campo fica aberto para práticas como:
- Superfaturamento: preços inflados em comparação com o valor de mercado;
- Conluio entre fornecedor e colaborador: acordos informais para dividir lucros indevidos;
- Pagamentos por serviços não prestados: contratos de fachada, notas frias ou entregas fictícias;
- Favorecimento de fornecedores: manipulação de licitações internas para beneficiar empresas parceiras.
Essas fraudes costumam ser difíceis de detectar, porque usam o próprio processo formal da empresa como disfarce. Muitas vezes, as irregularidades são mascaradas em meio a contratos legítimos e só são descobertas durante auditorias ou denúncias.
Desvios de insumos e materiais
Pequenos furtos se tornam grandes perdas ao longo do tempo. Peças, cabos, componentes eletrônicos, ferramentas e até matérias-primas são desviados de estoques, oficinas ou almoxarifados.
Em operações de larga escala, isso se agrava porque um pequeno desvio em cada lote pode representar milhões de reais ao fim do ano.
Além da perda financeira, há o impacto operacional: falta de peças críticas, paradas de máquina e atrasos na produção. O problema é amplificado quando não há rastreabilidade adequada dos itens, ou quando a conferência é manual e sujeita a erro humano.
Manipulação de indicadores de desempenho
A pressão por produtividade pode levar a situações perigosas. Os funcionários, supervisores ou gestores podem manipular relatórios para esconder falhas operacionais, justificar perdas ou atingir metas fictícias.
Alguns exemplos:
- Alterar registros de consumo de matéria-prima;
- Ajustar a proporção de produtos ou materiais que não atendem aos padrões de qualidade durante a produção;
- Omitir paradas de máquina para manter a produtividade aparente.
Esse tipo de fraude sabota a própria gestão, pois distorce os dados que orientam decisões estratégicas. Quando a informação deixa de ser confiável, toda a cadeia de gestão industrial se torna vulnerável.
Fraudes em manutenção e serviços terceirizados
Os serviços de manutenção corretiva ou preventiva são áreas férteis para fraudes, especialmente quando a execução é terceirizada. Veja alguns exemplos clássicos:
- Cobrança por serviços não realizados;
- Substituição de peças novas por usadas;
- Lançamento de materiais que nunca foram aplicados;
- Conluio entre técnicos e gestores para liberar pagamentos indevidos.
Essas fraudes não só geram prejuízos financeiros, como também comprometem a segurança operacional, já que as máquinas podem continuar em uso sem manutenção adequada.
Conflitos de interesse
Os conflitos de interesse acontecem quando um colaborador usa sua posição para obter vantagens pessoais, como contratar empresas de familiares, receber comissões ocultas ou privilegiar determinados fornecedores.
O impacto desse tipo de fraude é profundo: ele mina a confiança, distorce a concorrência e afeta a reputação da marca. Para piorar, muitas vezes, é cometido por profissionais de alto nível hierárquico, o que dificulta a detecção sem uma investigação especializada.
Fraudes financeiras e contábeis
Esse tipo de fraude pode envolver manipulação deliberada de registros financeiros para ocultar perdas ou desviar recursos. Por exemplo: inflar valores de estoque para esconder desvios, criar centros de custo falsos, transferir valores entre contas para mascarar pagamentos indevidos, entre outras modalidades.
Embora menos visíveis, essas fraudes têm efeito devastador, pois comprometem relatórios contábeis, balanços e indicadores usados por investidores e auditorias externas.
Sabotagem e adulteração de produtos
Pode parecer extremo, mas acontece. Funcionários insatisfeitos ou motivados por interesses externos podem sabotar e danificar equipamentos, alterar fórmulas ou contaminar lotes para gerar prejuízos ou mascarar erros.
O papel da denúncia e o desafio do combate a fraudes na gestão industrial
A maioria das fraudes em indústrias ainda é descoberta por denúncias anônimas, como vimos no estudo do início do artigo. Isso revela dois pontos importantes:
- Que as pessoas dentro da organização percebem o problema;
- Que os controles internos, sozinhos, não estão dando conta.
No entanto, a denúncia é um sintoma. Quando este canal se torna o principal meio de identificar fraudes, fica claro que a empresa ainda atua mais na reação do que na prevenção.
Obviamente, o canal de denúncia deve existir e ser seguro, anônimo e confiável. Mas ele precisa fazer parte de um sistema mais amplo de integridade e prevenção, que combine tecnologia, investigação e cultura ética.
Como fortalecer a gestão industrial e evitar fraudes?
Combate fraudes é um desafio contínuo, mas existem caminhos claros para evoluir a maturidade da gestão industrial. Veja um passo a passo prático:
Diagnóstico e mapeamento de riscos
Mapeie detalhadamente os pontos de contato entre pessoas, processos e sistemas, onde fraudes podem ocorrer.
Algumas perguntas úteis:
- Quais processos envolvem alto volume de transações financeiras?
- Onde há pouca segregação de funções (mesma pessoa aprovando, executando e conferindo)?
- Quais fornecedores concentram grande parte do orçamento?
O mapeamento de riscos ajuda a visualizar esses gargalos e priorizar ações.
Leia mais: Gestão de riscos corporativos e seu papel estratégico
Monitoramento contínuo
A tecnologia é uma aliada essencial na gestão industrial. Use câmeras, controles de acesso, dados, sensores e indicadores de performance para monitorar de forma contínua e detectar anormalidades em tempo real. Assim, é possível identificar padrões anômalos e atividades fora do comportamento esperado.
Exemplo: um sistema que cruza automaticamente dados de compras, estoque e pagamentos pode identificar pedidos duplicados e notas fiscais incompatíveis com entregas. Ou ainda um controle de acesso que verifica que pessoas estão fora da sua área e neste local começam a desaparecer itens.
Controles antifraude nos processos
As fraudes prosperam onde há brechas e falta de fiscalização. Implemente práticas como:
- Segregação de funções: quem solicita não deve ser quem aprova nem quem executa;
- Auditorias rotativas: revisões periódicas e não agendadas de processos e contratos;
- Revisão de cadastros de fornecedores: evitando empresas inativas, fantasmas ou com vínculos suspeitos.
- Esses controles reduzem significativamente as oportunidades para fraudes operacionais e financeiras.
Integração entre áreas
A desconexão entre setores é uma das maiores vulnerabilidades industriais e a falta de comunicação entre setores é o que mais abre espaço para desvios. Por isso, compliance, auditoria, operações, compras e segurança precisam atuar de forma coordenada.
Com dados integrados, sua empresa consegue identificar padrões de comportamento anormais, evitar duplicidade de informações e aumentar a rastreabilidade de decisões e autorizações.
Leia também: Segurança empresarial: futuro é integrado
Cultura de integridade
Nenhum sistema é eficaz se as pessoas não estiverem comprometidas. Conscientizar os colaboradores é tão importante quanto investir em tecnologia antifraude. As pessoas quando bem orientadas têm mais discernimento para identificar e reportar comportamentos suspeitos.
Desse modo, treinamentos, comunicação clara sobre condutas éticas e canais seguros de denúncia são fundamentais, já que ajudam a criar um ambiente onde o erro é corrigido e a fraude é inaceitável.
Inteligência e investigação corporativa
Quando há suspeita de fraude, o tempo é essencial. Uma resposta rápida pode evitar que o dano se espalhe ou que evidências sejam perdidas. Então, é essencial contar com parceiros especializados que consigam investigar de forma sigilosa, identificar origens e mapear conexões, algo que exige expertise técnica e analítica.
Como a GIF International pode ajudar a combater fraudes industriais
A GIF International atua há mais de 30 anos em investigações corporativas e combate a fraudes, com presença consolidada em diversos segmentos, como o industrial. Nosso ecossistema de soluções integradas é desenhado para fortalecer a proteção e reduzir riscos.
Para ajudar a superar os desafios de fraudes na gestão industrial, a GIF International oferece soluções como:
- Investigação de fraudes: atuação para identificar autores, modus operandi e responsabilizar os envolvidos;
- Desvio de conduta: investigar fraudes internas e desvios de comportamentos, apurar responsabilidades de colaboradores e conluio com agentes externos;
- Due diligence investigadores: verificar riscos de fornecedores, parceiros e terceiros;
- Risk assessment: analisar vulnerabilidades em processos, sistemas e controles;
- Entre outros.
Essas soluções podem ser aplicadas de forma integrada e personalizada na sua operação industrial. Quer saber mais detalhes? Entre em contato com nossos especialistas agora mesmo!
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