Em um cenário onde empresas de todos os setores estão cada vez mais digitalizadas, o roubo de informações se consolidou como o crime corporativo mais lucrativo e, ao mesmo tempo, o mais silencioso.
Hoje, não é exagero afirmar que dados são o novo “petróleo” do crime organizado. Eles podem ser vendidos, manipulados, usados como chantagem, explorados para fraudes financeiras, espionagem industrial e até mesmo para operações de engenharia social de alto impacto.
Afinal, não importa o tamanho da empresa ou o setor em que ela atua. Toda organização possui dados valiosos. Credenciais, bases de clientes, propriedade intelectual, contratos, dados financeiros, informações sensíveis, prontuários, lista de fornecedores… tudo pode ser monetizado no submundo digital.
Inclusive, vale destacar que o custo médio de uma violação de dados alcançou US$ 4,88 milhões em 2024 no mundo, segundo levantamento da IBM.
O roubo de informações não é mais um ataque isolado. Ele se tornou o primeiro passo para quase todo tipo de fraudes modernas e gestores de TI e segurança da informação precisam entender a fundo como essa engrenagem funciona para conseguir mitigá-las.
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Por que os dados se tornaram o ativo mais visado?
Há alguns anos, o foco dos ataques era paralisar sistemas, alterar websites, roubar dinheiro diretamente ou sabotar operações. Atualmente, o interesse principal se deslocou para algo muito mais valioso: informações.
Isso aconteceu por quatro razões fundamentais:
1. Dados são fáceis de transportar e difíceis de rastrear
Um invasor não precisa mais de acesso físico. Ele pode copiar gigabytes de informações em minutos, criptografá-las e despachá-las para um servidor clandestino em qualquer lugar do mundo.
2. A economia do cibercrime se profissionalizou
Existem marketplaces onde listas de credenciais são vendidas em pacotes, bases de clientes são comercializadas por setor, segredos industriais têm preço por tipo de indústria, ou prontuários médicos valem até 10 vezes mais que dados financeiros, devido ao valor estratégico para fraudes.
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3. Dados permitem múltiplas monetizações
O mesmo conjunto de dados pode render lucro de diferentes maneiras:
- Venda direta;
- Extorsão (ransomware);
- Chantagem a indivíduos internos;
- Engenharia social direcionada (phishing altamente personalizado);
- Fraudes financeiras;
- Espionagem industrial;
- Sequestro de identidade.
4. A dependência digital das empresas aumentou
Quanto mais digitalizada é a operação, maior o impacto do roubo. Não se trata apenas de TI, já que os dados sustentam logística, produção, folha de pagamento, relacionamento com clientes, compliance, finanças e tudo mais. Em outras palavras, o roubo de informações significa roubar a capacidade operacional da empresa.
Quais informações são mais visadas pelos criminosos?
É comum imaginar que apenas dados financeiros são alvo. Na prática, os criminosos buscam qualquer tipo de dado que gere vantagem econômica ou estratégica.
Os mais visados são:
Credenciais de acesso (logins, tokens, chaves de API e credenciais privilegiadas): esse é o tipo de dado mais usado para ataques subsequentes, porque permite que o invasor se esconda atrás de uma identidade legítima.
Dados pessoais e sensíveis (CPF, RG, endereço, contatos de clientes, dados de funcionários, histórico de saúde e dados biométricos): tais informações são valiosas, porque têm grande uso em fraudes financeiras.
Propriedade intelectual e segredos industriais (fórmulas químicas, projetos de engenharia, protótipos, estratégias de mercado e algoritmos proprietários): setores como indústria, energia e farmacêuticos são os mais afetados.
Dados estratégicos da empresa (relatórios financeiros, planilhas de precificação, propostas comerciais e cronogramas de lançamento de produtos): esse tipo de informação é usado em chantagem, espionagem e manipulação competitiva.
Dados operacionais (logs de sistemas, informações de inventário, dados de produção ou mapas de infraestrutura): o roubo desses dados pode comprometer completamente operações críticas.
Como ocorre o roubo de informações? Confira 6 principais fatores
O roubo de informações raramente acontece por um único motivo. Em geral, é o resultado de uma cadeia de falhas técnicas, humanas ou processuais. Veja os métodos mais utilizados atualmente.
Engenharia social e phishing: o caminho mais rápido
Mesmo com tecnologias avançadas, o elo mais vulnerável continua sendo o ser humano. Por isso, as formas mais comuns de roubo de informações incluem:
- Phishing tradicional: e-mails que imitam comunicações reais e pedem login, redefinição de senha ou atualização de cadastro.
- Spear-phishing: ataques personalizados com informações reais da vítima, tornando a fraude quase impossível de detectar.
- Business Email Compromise (BEC): fraudadores invadem e-mails corporativos para se passar por diretores, aprovando transações, solicitando arquivos ou pedindo acesso a sistemas.
- Smishinge vishing: fraudes por SMS e ligações telefônicas, frequentemente combinadas com engenharia social avançada.
Exploração de vulnerabilidades técnicas
Softwares desatualizados, servidores expostos, APIs sem autenticação forte e falhas em aplicações web são vetores amplamente explorados para o roubo de informações.
Ransomware: o modelo dominante
O ransomware evoluiu. Hoje, os criminosos exfiltram tudo o que conseguirem de máquinas e sistemas, criptografam os arquivos e, depois, fazem a chantagem em duas etapas:
- Exigem resgate para descriptografar os dados;
- Exigem outro pagamento para não vazar as informações roubadas.
Esse modelo é tão lucrativo que quase todos os grupos de ransomware passaram a adotar o método.
Nos Estados Unidos, em 2024, houve 1.476 incidentes desse tipo com pedidos de resgate e US$ 734 milhões em pagamentos, de acordo com o Financial Trend Analysis.
Ameaças internas: colaboradores aliciados ou negligentes
Nem todo roubo de informações vem de fora, com muitas fraudes internas. Nestes casos, existem três perfis comuns:
- Malicioso: colaborador que rouba dados por ganho financeiro, vingança ou apoio a concorrentes;
- Negligente: funcionário que expõe informações sem intenção, deixando credenciais abertas, usando dispositivos pessoais, enviando documentos a e-mails errados;
- Aliciado: colaboradores abordados por grupos criminosos para facilitar o acesso à empresa.
Ataques à cadeia de fornecedores
É comum que um invasor entre por um fornecedor menor e, a partir dele, escale lateralmente até atingir a empresa principal.
Os fornecedores mais vulneráveis possuem sistemas de folha, empresas de marketing com acesso a bases internas, desenvolvedores terceirizados e prestadores de suporte remoto. É um risco subestimado.
Vazamento por cloud ou ferramentas SaaS mal configuradas
O acesso a novas ferramentas e plataformas trouxe benefícios, mas também erros frequentes, como permissões excessivas, acessos públicos indevidos, logs expostos, backups acessíveis externamente, entre outros. Muitas empresas sequer percebem quando esses dados estão abertos.
Roubo de informações e sequestro de dados: o modelo mais lucrativo
O sequestro de informações é hoje o braço mais agressivo do roubo de dados. A lógica é simples. O criminoso invade, copia tudo o que puder, criptografa ou exclui os arquivos originais e exige um resgate para devolver acesso e outro pagamento para não publicar os dados. Mas, em muitos casos, é possível vender os dados mesmo assim. Ou seja, não há garantia de que pagar o resgate resolva o problema.
Esse movimento se acelerou porque o lucro é alto e rápido, a exfiltração é difícil de detectar, o impacto para a empresa é imediato e os dados ainda podem ser revendidos.
Alguns grupos chegam a criar sites próprios onde expõem as empresas vítimas, quase como vitrines de chantagem.
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Como mitigar o risco de roubo de informações?
O combate ao roubo de informações exige uma abordagem em camadas: pessoas, processos e tecnologia.
Programas de conscientização contínua
É fundamental treinar as equipes sobre os riscos de fraudes e engenharia social, com simulações de phishing, casos reais e atualizações sobre golpes recentes. Assim, é possível que a equipe reconheça falsas solicitações de TI, mensagens urgentes, pedidos incomuns de superiores e links suspeitos.
Políticas claras sobre uso de dispositivos
A área de compliance e tecnologia deve criar políticas e procedimentos para os colaboradores sobre uso de Wi-Fi corporativo, controle sobre dispositivos pessoais (BYOD), proibição de armazenamento local, e backup apenas em sistemas homologados.
Mecanismos de denúncia interna
Com canais de denúncias, as empresas conseguem receber alertas sobre aliciamento de colaboradores, acessos indevidos a sistemas e potenciais comportamentos de risco de funcionários.
Processos preventivos
- Inventário de ativos e classificação de dados para avaliar a criticidade e proteger de forma adequada;
- Políticas de acesso mínimo (least privilege), com acesso de cada colaborador somente aos sistemas, ferramentas e dados necessários;
- Gestão completa de identidades, com autenticação obrigatória, rotacionamento de senhas e revisão de acessos ociosos.
Plano de resposta a incidentes
Este processo serve de guia de primeiros passos em caso de algum incidente, incluindo o roubo de informações, o que deve ser feito, os fluxos de comunicação, o checklist para mitigação do caso e os responsáveis por área.
Ações preventivas de tecnologia
- MFA: a autenticação em duplo fator é uma das medidas mais simples e de maior impacto;
- Criptografia completa em trânsito e em repouso, incluindo backups;
- Proteção de cloud com políticas de identidade, análise de configuração, monitoramento contínuo, segmentação de redes e autenticação forte em APIs;
- Backups imutáveis preferencialmente offline e testados regularmente.
Contenção imediata e isolamento do incidente
No caso de roubo de informações consumados, o primeiro passo é impedir que o ataque continue se propagando. Isso inclui desconectar dispositivos e contas comprometidas, revogar acessos suspeitos, monitorar movimentos laterais na rede, e registrar o estado atual dos sistemas antes de qualquer ação corretiva
Essa contenção inicial reduz o impacto e preserva evidências essenciais.
Coleta e preservação de evidências digitais
A equipe de investigação forense, seja interna ou terceirizada, deve iniciar uma análise forense para identificar:
- Como o invasor entrou;
- Quais credenciais foram exploradas;
- Que arquivos foram acessados, copiados ou exfiltrados;
- Se houve uso de engenharia social, malware ou credenciais vazadas.
Portanto, preservar logs, discos, dispositivos e histórico de acesso é crucial para reconstruir a linha do tempo do ataque.
Avaliação do dano real e do risco jurídico
As empresas precisam mapear exatamente o que foi roubado:
- Dados pessoais;
- Dados financeiros;
- Propriedade intelectual;
- Estratégias de negócio;
- Credenciais de acesso.
Esse diagnóstico define obrigações legais (como notificação a clientes e à ANPD) e serve como base para decisões estratégicas, como negociação de resgate em casos de sequestro de dados.
Acompanhamento contínuo para evitar recorrência
As investigações de roubo de informações não terminam com a identificação da causa. É essencial gerar um plano de ação pós-incidente, incluindo:
- Correções de vulnerabilidades;
- Reforço de políticas de acesso;
- Revisão de terceirizados e fornecedores;
- Treinamento dos times mais expostos;
- Monitoramento reforçado nas semanas seguintes.
Apoio especializado é determinante
Consultorias especializadas, como a GIF International, entram justamente nesse ponto crítico. Com metodologias avançadas de investigação corporativa, inteligência analítica e forense digital, é possível:
- Rastrear a origem do vazamento;
- Identificar envolvidos internos ou externos;
- Reconstruir o caminho da informação roubada;
- Reduzir danos financeiros e reputacionais;
- Orientar a empresa durante momentos de crise e tomada de decisão.
Na GIF International, ajudamos as empresas a prevenir, detectar e responder rapidamente a roubos de informações, ataques internos, fraudes e sequestro de dados.
Se sua empresa quer avaliar riscos, investigar casos ou fortalecer sua estratégia de proteção, a GIF está pronta para apoiar. Entre em contato conosco agora mesmo!
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